quinta-feira, 28 de junho de 2012

Olá, futuro.


Escrevi este texto para o jornal virtual da escola, mas como gostei dele quis postá-lo. E sim, não obstante tremer de medo, tenho certo gosto em escrever sobre o futuro.

Não falo aqui como membro da equipe de tecnologia, mas apenas como estudante. Uma estudante do segundo ano do ensino médio, que está próxima da enorme muralha que atende por vários nomes - desde "vestibular" até "crescimento". Só mais um ano e meio, e serei oficialmente considerada uma "adulta".
Tenho apenas 16 anos, mas já sofro com os famosos clichês de qualquer quase vestibulando: a pressão para a escolha do curso certo, o súbito amadurecimento requerido, a triste separação dos amigos de escola, e a inevitável e irreversível mudança. O futuro sempre me pareceu distante, e agora, de repente; ele chegou. Sem aviso prévio, ou sequer uma preparação psicológica.
Vejo-me lutando com inúmeras ansiedades no dia-a-dia, pois, ao mesmo tempo que espero pelo meu futuro, tenho medo de crescer. Afinal, junto com o amadurecimento, vêm as responsabilidades e obrigações. Não há como parar o relógio, mas ainda existe tempo o suficiente para aproveitar os últimos anos de escola; cujas memórias perpetuarão-se eternamente em minha alma futura.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Alto poder de penetração.


Ninguém nunca saberá o que significou para mim. Ninguém nunca saberá qual foi o impacto causado aqui dentro, e como isso me ajudou a recuperar um pouco de mim. Ninguém nunca entenderá como serviu perfeitamente, e quais foram os esforços medidos para que acontecesse.
Eu me doei. Inteira, completa. Dei minh’alma para a execução desse projeto, e mostrei-me disponível para minhas pérolas o máximo que consegui. São anjos, todos. Anjos que se uniram em prol de algo importante – no qual o elo era eu. Tentei colá-los, inseri-los dentro do quebra-cabeça; e acho que, por fim, consegui. Mas não adiantemos, melhor seguir a ordem cronológica.
Começou com a imediata disposição de todas aquelas carinhas, e senti-me feliz mesmo sem retorno ou execução, na hora. Enchia-me o peito dizer que eu fazia parte daquela trupe, mesmo sem ter nada iniciado, ou sequer concretizado. Já me abria um sorriso o simples fato de saber que estavam ali, prontos para doar-se de alma, assim como eu havia feito. Porém, apesar de tudo isto, baixei minhas expectativas, pois tinha a plena convicção de que não éramos os melhores – não em técnica.
Meu pessimismo perseguia-me, tenaz, provocando desespero e passando-me a mensagem de que o fracasso era iminente. Tentei acalmar-me, em vão, pois o fantasma da sina errada não iria largar-me. Mas procurei não transparecer meus temores inquietos, pois em hora nenhuma quis deixar minhas pérolas preocupadas.
Acabou-se então a primeira fase e a minha mente permanecia turbulenta. Esvaziei-a para melhor aproveitamento da segunda, e tornei-me mais tranquila momentaneamente. O dia foi correndo, assim como eu, sempre buscando estar em todos os lugares ao mesmo tempo, para auxiliar meus queridos e tão extremosos anjos. Procurei estar lá por eles em todos os momentos, para consertar alguma asa por ventura quebrada, ou alguma auréola talvez empenada.
Meu esforço teve resultados. Neste segundo dia já foram mais glórias – algumas que até secretamente me envolviam –, mais respostas claras às minhas perguntas tão curiosas. Para o final, resolvi repetir a dose, apesar de meu físico estar debilitado e não permitindo qualquer movimento brusco – apenas ignorei tal infelicidade e permaneci firme na esperança que depositava em cada um.
Tive o prazer de estar presente para vibrar junto em cada vã conquista, e nem por um minuto cheguei a imaginar que poderíamos erguer o símbolo máximo desta. Entretanto, cada vã exaltação foi contribuindo para a construção de uma base sólida e forte, e depois um tronco, e depois um pico. E, juntos, escalamos o que antes parecia impossível de ser alcançado, e atingimos a maior marca. Juntos lutamos, juntos comemoramos.
A união entre tantas pérolas fez o formoso colar, o qual tive o prazer de erguer gloriosamente na chuva prateada. Aquele plástico de ouro era a materialização de todo o nosso esforço, mostrando-se mais do que merecido. Aquelas duzentas garras lutaram ferozmente na busca da mais querida presa, sempre justos, sempre éticos – com mérito. Com respeito, conquistamos os louros da vitória. A maior emoção era aquela, poder ver todos os meus leões comemorando incessantemente aquele milagre vermelho, que penetrou-se todo em mim.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Livro das Coisas Perdidas: crítica


É plausível dizer que este livro não chegou a minhas mãos por mim, e sim por intermédio de terceiros. Algumas palavras a mais, personalizadas, feitas para mim. Cousa rara, bonita de se ver e se ler. Preciosa para mim, já que são poucos os exemplares que tenho de ações assim – tão puras e tão necessárias.
Mas vamos ao livro. Escrito pelo irlandês John Connolly, é uma obra perfeitamente construída sobre a importância da leitura e da imaginação, na vida de tanto crianças como adultos. Pois, como diz o próprio, “em cada adulto mora a criança de outrora, e em cada criança há o adulto que ela será”. O enredo se baseia na história de David, um garoto de 12 anos que perdeu a mãe recentemente e tem que lidar com as novas mudanças na sua vida – dentre elas, uma madrasta, um irmão e uma casa nova. Se sentindo esquecido pelo pai e mais sozinho do que nunca, ele se refugia nos seus livros. E, envolvido em tantas histórias e personagens, ele acaba entrando em, literalmente, um outro mundo. David penetra nesse universo novo, onde tudo é como é descrito nos seus livros, mas misturando todos eles. Ele se encontra com lenhadores, homens tortos, lobos, lobos-homens, soldados, feiticeiras; e vários outros seres que ele pensou pertencerem somente à sua imaginação. Por meio de suas aventuras, David aprende qual é o verdadeiro sentido da perda, da substituição e do crescimento.
É incrível como Connolly constrói magnificamente o mundo fantasioso que toda criança sempre sonhou, e mais ainda como insere os personagens nele. Ele mistura a fantasia com a realidade na medida certa, e dá as lições que sempre buscamos mas nunca tivemos coragem para enfrentar. Ele nos mostra o que evitamos ver, e no fim, ainda nos dá um tapa de luva sobre o que é realmente a vida e a morte. Todo adulto deveria ler esse livro, para retomar o olhar inocente que pareceu perdido no crescimento. Emocionei-me durante a leitura, e fazê-la me fez um enorme bem. Fiz as pazes com minha criança interior (apesar de ainda sê-la), e com o adulto que futuramente a habitará.