terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cilada: crítica

"Cilada" é a primeira obra de Harlan Coben que li, mas graças a leitura da mesma, não será a última. Confesso que me atrai pelo livro devido apenas à sua capa, mas o conteúdo é infinitamente espetacular. A trama é sobre a junção de duas histórias que inicialmente não tem nada a ver uma com a outra: o sumiço repentino de Haley McWaid, uma garota normal e feliz de 17 anos; e o assassinato de Dan Mercer, que foi acusado como pedófilo em rede nacional. Porém, a repórter que o desmascarou, Wendy Tynes, passa a não ter mais tanta certeza assim de sua condenação. E, convencida de achar a verdade, ela descobre pistas que parecem peças de um quebra-cabeça: desconectadas e espalhadas em uma enorme mesa, sem parecerem ter sentido. Wendy coloca a cabeça para pensar e percebe que a verdade pode estar escondida em qualquer lugar, e não mede esforços para conseguir alcançá-la e completar o enigma. O livro é inexplicavelmente incrível, e tem a capacidade de nos prender ligado a ele durante toda a leitura. É impossível parar de ler até desvendar o mistério, e as dúvidas que ocorrem ao próprio leitor em relação a credibilidade dos personagens é insaciável. Harlan Coben foi feliz ao redigir esse romance, e posso dizer que me surpreendi com o jeito que tudo se encaixa e não deixa nenhuma lacuna aberta. A escrita foi impecável e é surreal o jeito que o autor faz com que passemos a refletir sobre a maneira que enxergamos a vida, a culpa e o perdão. Me senti submersa no mar construído por Coben, e quando sai dele, só me restou admirar a complexidade do quebra-cabeça perfeitamente montado.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Antagonista.

O primeiro sempre é indelével. Não adianta fugir, não adianta negar. A marca que o primeiro deixou está ali, no seu canto secreto e especial, carregada de memórias. Uma gaveta, talvez. Uma gaveta com apenas memórias, já imaginou que incrível seria isso? Pois bem, a gaveta. Obviamente, ela é trancada, afinal memórias são relíquias que merecem ser guardadas com cuidado! A chave está em um pote, aparentemente comum mas surpreendentemente taciturno. Ela abre a gaveta mais valiosa do mundo, e assim que o faz, um brilho enorme pulsa e sai de dentro dela, cegando o observador. E lá dentro existem lembranças. Lembranças materializadas. Alguns papéis. Bom, muitos papéis. Dizem que o papel é o melhor jeito de escravizar uma memória, não é? Pois bem. Alguns estão escritos à mão, o que mostra que são lembranças verdadeiras! Que ótimo! Outros estão impressos, o que significa certamente momentos de pressa ou receio ou medo. Ou vergonha, dependendo do remetente. Também existe uma moeda. Moedas podem significar um milhão de coisas, mas talvez nesse caso ela seja simbólica. Talvez, apenas talvez, o dono da moeda possa a ter conquistado em um dia de glória. Esse é um bom palpite. Do lado da moeda, há um papel de bombom e um cartão (também escrito à mão). O embrulho fala por si só, assim como o cartão perdido. Tais memórias são precisas e amargas. São pungentes, porém confortantes. A gaveta ainda brilha todas as vezes que é aberta. Todas as vezes. Isso é especial, provavelmente. Desde aquela viagem, desde aquele boné. Desde aquele quarto azulejo no chão, desde aquela noite inesquecível e dolorosa. Desde o entrelaçar de mãos debaixo da mesa, desde a descoberta do antagonista (ou será 'a'?). Desde os meses torturantes, desde o fatídico dia. Duas vezes, dois anos. A ordem das coisas não pode ser mudada, tampouco suas consequências. Era para ser assim. Os caminhos escolhidos levam para os lugares destinados, e não há dúvida quanto a isso. A única dúvida restante é o porque de a culpa ainda latejar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Por onde andam: cérebros de verdade.

Realmente? O que falta nas pessoas de hoje são apenas duas coisas básicas: personalidade própria e inteligência. O problema mor é que o pensamento e a utilização dessas duas dádivas que recebemos é opcional. E, na maioria esmagadora das vezes, as pessoas não as utilizam. Incrível como quase ninguém mais consegue se inovar. Andei reparando especialmente em determinados grupos, e percebi que, com o passar do tempo, o comportamento de todos os membros acaba se tornando padrão. Tudo que fazem é copiar, copiar e copiar. Copiar gestos, atitudes, bordões, valores, gostos e etc.. Onde foi parar a originalidade? (iremos ignorar o fato de que não se cria nada desde, provavelmente, o início do século XX) A personalidade própria das pessoas não expressa mais, não obstante ainda existirem réstias de salvação em alguns cantos obscuros (e recriminados) do mundo. Tampouco está presente a inteligência para a diferenciação entre o ridículo do esperto, o que acaba levando à atitudes completamente esperadas e triviais. A ignorância é contagiosa, como apontam os estudos, e o mal desse século - diferentemente da depressão ultrarromântica - parece ser a tão temida doença que se adquire com tamanha convivência tortuosa. A alienação consumiu o senso das pessoas, e agora deve ser tarde demais para iluminar tantos cérebros vazios.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Amanhã você vai entender: crítica

O livro de Rebecca Stead é intrigante e divertido. É um pequeno romance narrado pela garota de 12 anos Miranda, que tem uma vida normal. Porém, ela começa a receber bilhetes estranhos que parecem não ter nexo, e isso bagunça completamente a sua vida. O relacionamento de Miranda com as pessoas à sua volta é extremamente bem trabalhado, inclusive sua relação com Sal - seu melhor amigo - me lembrou vagamente de Liesel e Rudy (de A Menina Que Roubava Livros). É emocionante o jeito que ela consegue mudar para um jeito melhor, que tem mais amigos e agrada mais pessoas. Rebecca trabalhou muito bem no aprofundamento interior de seus personagens centrais, e narrou perfeitamente como uma garota de 12 anos. Os temas tratados são do cotidiano de quase toda garota, e é confortador se identificar com Miranda. A autora vai além de um amor adolescente (que aliás nem é tão focado) - também trabalha a amizade e as relações familiares. A escrita é bem delicada e nos faz pensar sobre vários assuntos que geralmente ignoramos. Com certeza, passarei mais a olhar para a minha volta depois de ter essa leitura. O tempo é exposto como algo delicado, e tenho receios que isso possa prejudicar a leitura de alguns incrédulos. Mas acho que tudo isso faz parte do jogo que ela faz com o título do livro, afinal os mistérios que se apresentam são tão complexos que só amanhã você vai entender.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Futuro. (parte I)

Frequente e ultimamente, um tema insiste em latejar em meus pensamentos. Já é de conhecimento geral que minha área é Humanas (embora esse tema ainda estar embaçado na minha mente. Mas esse assunto é para depois). Porém, apesar de supostamente ser de conhecimento geral também, meu curso ainda está meio nebuloso. Diariamente luto contra o drama: “para ser jornalista não é preciso um diploma”. Achei essa regra estupidamente desnecessária. Afinal, se já tinham pessoas exercendo essa profissão sem a confirmação de um curso (como por exemplo, ex-jogadores que se arriscavam de comentaristas na televisão esportiva), por que generalizar para todos os futuros ocupantes desses cargos? Essa atitude definitivamente prejudica o estudante em vários pontos, dentre os quais: pressão de familiares e amigos para um outro curso que necessite obrigatoriamente do diploma seja escolhido; confusão mental por estar em constante dúvida; e principalmente a desvalorização imediata do curso e da escolha. Não sei se é assim que funciona, mas apesar dessa nova regra, se eu fosse dona de um jornal, só escolheria quem tivesse um belo diploma no bolso. Afinal, por mais inteligente que o outro concorrente seja, o que já estudou antes (e melhor, em uma boa universidade talvez) terá, obviamente, uma vantagem. Além do mais, eu acho que essa decisão só teve peso em casos específicos, como por exemplo em ex-jogadores que se arriscam de comentaristas na televisão esportiva. Porém, novamente (e provavelmente para sempre), a opinião de crianças não é levada em conta. Ainda sou “muito nova para entender o mundo dos adultos, quiçá saber o que é melhor para mim e para o meu futuro”. Bom, eles deviam ter pensado nisso antes de deixar que uma criança de 18 anos escolhesse a profissão que irá seguir para o resto da vida. E isso me leva a crer que esse texto não teve sentido e nem diminuiu minhas angústias em relação ao meu “futuro brilhante”, pois não importa o quanto eu tente entender como as coisas funcionam, só irei fazer isso quando alguém tiver a boa vontade de me explicar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Beatles Por Eles Mesmos: crítica

Primeiramente, um curto comentário: e eu que achava que não conseguiria amar mais os Beatles. Esse livro-clippling é brilhante. Conseguiu combinar a história deles com fotos (maravilhosas, diga-se de passagem) e informações completíssimas de suas carreiras. Foi possível chorar, rir e me emocionar com esse livro incrível. É contada a trajetória de cada Beatle baseada em entrevistas com eles mesmos e seus parentes mais próximos, tornando a descrição quase pessoal. Os dramas vividos por John, Paul, George e Ringo são tão bem descritos que o leitor quase os sente. A discografia completa do conjunto aparece, junto com a cronologia de seus atos e respectivos lançamentos - tornando o livro mais completo ainda. Confesso que a melhor parte são as entrevistas, que me fizeram rolar de rir. Os Beatles eram carismáticos e hilários na hora de responder os repórteres, e foi-me impossível não gargalhar alto com aquilo. Sem contar com a parte que eles mesmos escrevem, claro, pois é estonteante ler algo que foi redigido pelo punho dos quatro cavaleiros do apocalipse. Bom, sou suspeita para falar, afinal sou fã incondicional do melhor quarteto já criado. Mas o livro-clippling é delicioso de se ler, e não se torna cansativo devido às fotos espalhadas nas suas páginas. Quem já gosta dos “Fab Four” irá admirá-los ainda mais.

P.s. Posers, não leiam. A história dos Beatles é preciosa demais para ser lida por vocês. Tchau.