segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Antagonista.

O primeiro sempre é indelével. Não adianta fugir, não adianta negar. A marca que o primeiro deixou está ali, no seu canto secreto e especial, carregada de memórias. Uma gaveta, talvez. Uma gaveta com apenas memórias, já imaginou que incrível seria isso? Pois bem, a gaveta. Obviamente, ela é trancada, afinal memórias são relíquias que merecem ser guardadas com cuidado! A chave está em um pote, aparentemente comum mas surpreendentemente taciturno. Ela abre a gaveta mais valiosa do mundo, e assim que o faz, um brilho enorme pulsa e sai de dentro dela, cegando o observador. E lá dentro existem lembranças. Lembranças materializadas. Alguns papéis. Bom, muitos papéis. Dizem que o papel é o melhor jeito de escravizar uma memória, não é? Pois bem. Alguns estão escritos à mão, o que mostra que são lembranças verdadeiras! Que ótimo! Outros estão impressos, o que significa certamente momentos de pressa ou receio ou medo. Ou vergonha, dependendo do remetente. Também existe uma moeda. Moedas podem significar um milhão de coisas, mas talvez nesse caso ela seja simbólica. Talvez, apenas talvez, o dono da moeda possa a ter conquistado em um dia de glória. Esse é um bom palpite. Do lado da moeda, há um papel de bombom e um cartão (também escrito à mão). O embrulho fala por si só, assim como o cartão perdido. Tais memórias são precisas e amargas. São pungentes, porém confortantes. A gaveta ainda brilha todas as vezes que é aberta. Todas as vezes. Isso é especial, provavelmente. Desde aquela viagem, desde aquele boné. Desde aquele quarto azulejo no chão, desde aquela noite inesquecível e dolorosa. Desde o entrelaçar de mãos debaixo da mesa, desde a descoberta do antagonista (ou será 'a'?). Desde os meses torturantes, desde o fatídico dia. Duas vezes, dois anos. A ordem das coisas não pode ser mudada, tampouco suas consequências. Era para ser assim. Os caminhos escolhidos levam para os lugares destinados, e não há dúvida quanto a isso. A única dúvida restante é o porque de a culpa ainda latejar.

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Críticas sempre são construtivas... certo?