terça-feira, 13 de março de 2012

A Empenada Verdade.

O vocábulo "verdade" em si é contraditório. Séria impossível conseguir um significado esclarecedor e válido para todas as opiniões existentes. Um claro exemplo dessa discordância é a obra "Tenro Auto-Retrato com Bacon Frito", na qual Salvador Dali se representa da maneira que ele mesmo se vê - mostrando que o real é relativo e depende inteiramente do ponto de vista. Ainda contextualizando com o quadro, é possível relacioná-lo com a poesia de Fernando Pessoa, onde em "Pecado Original" se mostra semelhante à verdade sustentada por ganchos de Dali: "sou quem falhei ser. Somos todos quem nos supusemos. A nossa realidade é o que não conseguimos nunca."
Harlan Coben, escritor de "Cilada", aborda uma visão bem delicada sobre diferentes versões da verdade. No seu romance, o autor expõe todas as possibilidades do que pode ter acontecido em um assassinato, e à medida que a história avança, as supostas afirmações se tornam mentiras.
Contudo, ainda um quarto discurso faz divergência com esses últimos três. Michel Foucault faz uma minuciosa conexão da verdade com o poder, pois de acordo com ele, a aceitação do verdadeiro pela sociedade é feita através de coerções. Nesse caso, o governo sempre estaria por trás, manipulando o real significado de tal vocábulo.
É complexo discutir a preferência de uma só acepção do que possa ser a verdade, pois ela é relativa e todas as suas visões coexistem entre si - já que seria incalculavelmente difícil generalizar opiniões tão discrepantes. O que pode-se dizer com certeza é que não importa qual o conceito, ele sempre irá basear-se em uma linguagem; seja ela plástica, narrativa ou poética. Portanto, a única afirmação realmente verossímil é que a verdade é completamente empenada.

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Críticas sempre são construtivas... certo?