sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Água Para Elefantes: crítica

O livro seria bom e faria completo sentido - se o título não fosse esse. A tal água para elefantes é mencionada apenas uma vez, e ainda assim, de um jeito que precisaria de um complemento mais a frente. Um complemento que não existe. A autora falhou extremamente ao cometer esse equívoco, e posso dizer que isso compromete muito a avaliação final do livro. Mas de resto, é um romance bom. Não ótimo, pois se fosse me manteria ligada nele todo o meu tempo. É aquele tipo que te alegra quando está o lendo, mas que não sente afã de lê-lo quando está sem fazer nada. Não dá aquela vontade de ler o tempo todo, mas quando se lê, você até que se imagina lá dentro. A linguagem é meio difícil de ser compreendida, afinal não estamos habituados ao palavrear de um circo. Entretanto, a autora faz um bom trabalho nas descrições, apesar de às vezes nos deixar confusos. Um dos maiores problemas, ao meu ver, é o número extenso de personagens, e às vezes não consegui identificar qual é qual e muito menos me lembrar quem é quem. Porém, os personagens principais são inesquecíveis, e a tamanha descrição deles nos mantêm os imaginando o tempo todo. Me fixei em Jacob, Marlena, August, Tio Al, Walter, Camel, Rosie e Barbara durante todo o livro, e para mim só existiam aqueles personagens. E os animais, claro (pois eles não tinham nomes para eu me lembrar, exceto Bobo). O final é sem graça e é bem previsível. Depois de terminar, fui reler o texto da orelha e achei estranho, pois eu ainda não tinha entendido qual era o tal segredo de Marlena que estava escrito ali (repito: eu já havia lido todo o livro). A autora deixa muitas lacunas para serem completadas, e infelizmente isso nos deixa meio desnorteados em relação ao completo entendimento da história. Mas agora vamos aos pontos positivos. Como já dito anteriormente, o descritismo é muito rico e nos transporta para a trama, nos fazendo imaginar perfeitamente o que está acontecendo dentro das tendas. O aprofundamento psicológico dos personagens que eu citei (exceto Rosie e Barbara) é bem trabalhado, e isso em partes explica algumas atitudes dos mesmos. Os personagens são em sua maioria planos, porém fiquei mais empolgada com os esféricos - August, Tio Al e Walter. Devo dizer que a autora, mesmo sendo mulher, faz um trabalho espetacular ao narrar todo o livro como se fosse um homem, Jacob, e isso é muito impressionante. É mais impressionante ainda a perfeição que ela consegue atingir ao narrá-lo em duas épocas de sua vida; tanto jovem quanto velho. Eu realmente acreditei que era um homem escrevendo aquilo. Entretanto, não é um livro que eu leria de novo. Mas recomendo-o para amantes de circos, que provavelmente irão gostar. Mas se você não gosta de circo, bem, jogue esse livro fora e vá ler Shakespeare.

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Críticas sempre são construtivas... certo?