quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

É uma vez.

Era uma vez a agonia. Ela era muito solitária, e por isso vivia procurando alguém para fazer companhia pra ela. E então, no meio de tantos rostos vazios, ela resolveu escolher um em especial. Aquele, ela disse, parece mais diferente. Preciso mudá-lo, preciso fazer com que ela se sinta mal como todos os outros. Ou pior. E então ela saiu à procura dessa garota peculiar. Achou-a imediatamente, afinal todos a conheciam e sabiam onde ela estava. Pegou-a de surpresa, e se surpreendeu também ao ver que já a conhecia. Ela já tinha se instalado naquele peito antes. Algum tempo atrás, nem tão longe, ela já havia provado o gosto terrível da agonia. Várias vezes, aliás. Mas tantas coisas tinham acontecido, e ela nem parecia mais ligar para a talvez presença da agonia… E é nessas horas que ela chega. Nessas horas que os peitos vazios parecem gritar mais, parecem pedir mais para serem preenchidos. Eles não são exigentes, afinal deixam qualquer um entrar nos seus domínios pouco revistados. O nome dela era Bianca. Fraca. Ela deixou a agonia se instalar nela novamente. E dessa vez, não sai! Bianca era tão acostumada a sempre ter razão. Ela era tão articulada, quando falava não pedia atenção. O poder de dominar dela foi sumindo. Tudo foi sumindo, e a agonia entrando. Ora, vejam só! Ela trouxe o desespero para fazer companhia! Que divertido. Hora do chá. Todos se sentando para confraternizar. Campanhinha, ding dong! Bianca sabia que ela chegaria. Olá, solidão. Pode entrar, afinal você já é de casa… Mas que droga! Tudo que ela queria era derrubar aquela mesa toda arrumada e mandar todos aqueles inquilinos pro inferno. Porém, o que ela fez foi algo completamente diferente (e usual). Sorriu e continuou bebendo seu líquido, na esperança que alguém viesse e a salvasse daquele desespero agonizante e solitário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Críticas sempre são construtivas... certo?