quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Escuridão.

A luz dela se foi. Foi-se embora, por meio de redemoinhos e multidões. Passos demorados, que se inclinavam para o lado esquerdo. Ou direito? Ela nunca sabia muito bem. Muitos números circundando sua pequena cabeça, e a criança ali instalada não perdeu tempo. Correr, correr, ela apenas queria correr! Passou pelos obstáculos e tentou encarar a verdade com a coragem de um adulto. Ela não era nem um nem outro; agora mesmo não sabia mais quem era. Uma garota confusa, talvez. Mais do que isso… Entretantos e etcs não paravam de aparecer. Mas e quanto aquela enlanguescência? Sim, ali estava, sempre presente. Junto com o arrependimento e o gosto amargo da solidão. Quanto tempo aquilo duraria? Quanto tempo mais ela demoraria para perceber que a luz já tinha se ido? Era difícil. A pressão a consumava, devagar. Os olhos de timbre triste nunca saiam de seu rosto. O sorriso também não parecia se consertar. Tinha sido quebrado há tanto tempo que ela não sabia mais como colá-lo. A cola estava ali, na sua frente, mas tinha ido embora junto com a luz. Aquela luz azul. O azul, que era dela, e dele. O azul que, junto com seu vermelho, formava o tão esperado violeta. Aquele violeta que traria as borboletas de volta para o seu jardim, que já estava tão abandonado. O regador nem se mostrava mais. Era peça perdida… Como ela! Algo em comum, pensou. Talvez não estivesse tão perdida assim. Talvez aquele cubo vermelho fosse só uma distração passageira e dolorosa. Talvez tudo fosse dar certo, afinal. Mas esse era só mais um de seus pensamentos otimistas sobre a verdade terrível da escuridão.

(16 de dezembro)

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Críticas sempre são construtivas... certo?