terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Separados por um século e meio.

E o que fazer no momento em que você descobre que sua alma gêmea morreu há 160 anos? Estou nessa emboscada… Meu Manuel! Meu Manuel Antônio Álvares de Azevedo! Meu Maneco… morto há 160 anos! Mas se eu pudesse conhecê-lo, ah se eu pudesse! Ele me convidaria para uma volta rápida na cidade, e depois de alguns encontros pegaria com delicadeza a minha mão escondida na diáfana luva… Eu coraria e depois me despediria dele com um aceno… Eu iria para casa e me derramaria em suspiros: oh! “Mas que belo moço que estás a me cortejar…” No dia seguinte, ele me surpreenderia com versos feitos para mim, e eu me entorpeceria com a sua voz doce recitando o sublime poema… Eu iria cair de amores, por ele, pelo meu Manuel… Em seguida, ele pediria minha mão ao meu pai, e eu explodiria em felicidade quando tivéssemos a aprovação. E, na mesma noite, ele iria visitar-me ao pé da minha sacada e jogaria pequenas pedras nela para me acordar… Eu levantaria e iria de encontro a ele, e talvez deixasse que ele roubasse um beijo ou dois… Eu chegaria em casa e cairia nos braços de Morpheu mais feliz do que nunca, me derretendo de amor! E então nos casaríamos e seríamos felizes até que a morte nos separasse… Mas ela já fez isso. A morte já nos separou, com 160 anos de diferença. E agora, o que me resta senão lamentar a falta eterna de minha donzela, pálida e virgem?

Conclusão: nasci na época errada e obviamente não adianta mais eu querer um Maneco pra mim, pois sei que, nos dias de hoje, ele não existe. Portanto, não me julguem por eu ter uma paixão enrustida por um poeta morto, e sim tentem entender que às vezes tudo que é preciso são palavras. Ah, e me desculpem pela sinceridade. Às vezes ela bate à minha porta e preciso deixá-la entrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Críticas sempre são construtivas... certo?