quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Lira dos Vinte Anos: crítica

A coletânea de poemas feita por Álvares de Azevedo é espetacular, para dizer o mínimo. "Lira dos Vinte Anos" é o livro que ele estava terminando de preparar quando faleceu, e reune o melhor de suas obras. A Lira é dividida em três partes bem distintas, sendo o amor e a morte - românticos - os temas predominantes em todas. A primeira e a terceira parte são mais sentimentais e foram escritas em um tom mais sincero, demonstrando o constante tormento interior do poeta. A mulher é tratada de formas diferentes nessas duas partes, ora doce e angelical; e ora sensual e tentadora. Porém, em ambas ela é inacessível, deixando clara a agonia que o eu-lírico sente em não conseguir tê-la. Já a segunda parte mostra um lado nunca visto antes de Maneco, que escreve poemas sadônicos e mordazes. Ele chega a zombar de sua própria condição de amante abandonado ao escrever sobre um eu-lírico que se apaixona por uma lavadeira (É ela! É ela! É ela! É ela!); e um amante que se suja todo no caminho para ver sua Dulcinéia (Namoro a Cavalo). É incrível a maneira que Maneco conseguiu mostrar os dois lados da moeda em um único livro, sendo que a moeda é ele mesmo, tornando a tarefa mais difícil ainda. O leitor se sente submerso no mundo que Azevedo criou durante toda a leitura, e é possível sentir tanto a dor quanto o amor ali registrados em palavras. Todos os poemas são extremamente bem escritos, e a sinceridade ali exposta emociona até onde não pode mais. É praticamente impossível ler os versos perfeitos de Álvares de Azevedo e não se derramar em lágrimas.

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Críticas sempre são construtivas... certo?