segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Noite na Taverna: crítica

A única narrativa em prosa de Álvares de Azevedo representa perfeitamente o seu estilo e preferências. A história se passa em, como diz o título, uma taverna - nome antigo para ‘bar’; num clima de delírio e devaneio. O ambiente é propício para o que acontece em seguida: ébrios compartilham casos macabros que já lhes aconteceram, cujos temas são tipicamente românticos: amor e morte. Os personagens cumprem rigidamente as regras, sendo que os heróis possuem os traços ultra-românticos: cinismo, despudor e o ‘don-juanismo’ de Byron. As musas sombrias também não fogem nada dos padrões físicos: pálidas, virgens e ou estão mortas ou adormecidas. As histórias que são contadas geralmente começam de um amor profundo e idealizado, e terminam com um epílogo sangrento e fúnebre. É inexplicável o jeito que Maneco - me permitam a intimidade, me considero melhor amiga dele (risos) - nos mantém presos ao pequeno romance, através de metáforas e antíteses que entorpecem o leitor diante de tanta informação. Outro ponto extremamente relevante na obra é a imensa quantidade de intertextualidade que Maneco faz, mostrando com tranquilidade o seu extenso conhecimento em inúmeras áreas - desde línguas à leitura assídua de poetas e dramaturgos europeus. Álvares de Azevedo foi brilhante ao construir essa obra perfeita, bordada com um vocabulário de tirar o fôlego e atitudes inesperadamente surpreendentes.

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Críticas sempre são construtivas... certo?